Com a entrada de homens da Brigada de
Infantaria Para-quedista como principais integrantes da Força de
Pacificação que atua nos Complexos do Alemão e da Penha, surgiu a
demanda por um motociclista militar treinado especificamente para o
combate em qualquer terreno. Muitas ruas das comunidades ocupadas são
tão estreitas que não permitem o acesso de viaturas convencionais,
dificultando a boa execução das patrulhas. Neste contexto, estão sendo
empregadas durante a Operação Arcanjo, 20 motocicletas dos modelos
Yamaha Lander 250cc e Honda Tornado 300cc, muito úteis nas vielas
apertadas da comunidade. Experientes e qualificados na formação de
motociclistas militares no Exército Brasileiro, coube ao Pelotão Águia a
formação destes homens através do Estágio de Motociclista Militar de
Combate.
O Estágio de Motociclista Militar de
Combate habilita militares na execução de moto patrulhamento. Com
duração de três semanas, o estágio leva os militares a circularem com as
motos nos terrenos mais acidentados possíveis, carregando sempre o
garupa que cumpre a função de atirador. O atirador, que também é
motociclista, realiza tiros com a moto em movimento e simulando
situações reais que possam ser encontradas em patrulha.
Talvez nunca tenha passado peça cabeça de Gottlieb Daimler, criador da
motocicleta movida a motor a gasolina em 1885, na Alemanha, que
a motocicleta poderia se tornar uma eficiente ferramenta a ser empregada
nos campos de batalha. O sucesso do invento era tamanho, que no início
do século XX, era possível contar mais de 400 empresas do ramo em todo
mundo, a maioria localizada na Inglaterra, produzindo motocicletas.
Contar com os benefícios da motocicleta
no campo de batalha não era privilégio dos americanos. Segundo pesquisas
históricas, os alemães chegaram a operar 4000 motocicletas em combate.
Nos diversos teatros de operações da Primeira Guerra Mundial, as
motocicletas mostraram todo o seu valor em missões de transporte de
pessoal, transporte de mensagens e reconhecimento, tarefas antes
realizadas por cavalos e bicicletas.
Mais adiante, na Segunda Guerra Mundial,
a vantagens do emprego das motocicletas ficou ainda mais evidente. Elas
eram usadas largamente em missões de esclarecimento de terreno, alertas
contra ataques aéreos, transmissões, evacuações, controle de transito e
até mesmo apoio de fogo.
Muitas delas possuíam os sidecars adaptados
com metralhadora, maca, mini- cozinhas e equipamentos de transmissão, de
acordo com a missão a ser cumprida. Devido à paralisação das fábricas, o
racionamento de combustível e algumas restrições de importação, somente
a Harley-Davidson e a BMW mantiveram suas produções para atender aos
países beligerantes.
No dia 4 de fevereiro, foi realizada, no 1º Batalhão de Guardas “Batalhão do Imperador”, a formatura de encerramento do Estágio
de Motociclista Militar de Combate, que ofereceu diversas instruções
como técnicas de pilotagem, de escolta, de patrulhamento, de abordagem e
de tiro.
O Estágio teve como objetivo
formar os militares para atuarem na Operação Arcanjo II, no Complexo de
favelas da Penha no Rio de Janeiro. O seu término contou com a presença
do Chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, General de
Brigada Geraldo Antonio Miotto, e formou 31 motociclistas.
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